quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Homenagem a todos os benfiquistas


Eu vi o “Benfica” e o “Benfica” estava feliz!

Quis o acaso que este fiel adepto, por motivos profissionais, chegasse ao Estádio no preciso momento em que o jogo terminava e os Benfiquistas seguiam contentes, preparando-se para uma viagem de regresso à outra casa.
Muitas vezes não reparamos naquilo que é óbvio, na simples existência de um clube de futebol. Quando cheguei à Catedral, em dia de jogo, verifiquei que este decorria, ainda que pelo relógio, tendo em conta o horário do seu início, caminhasse para o final. Senti um estádio cheio, mesmo visto do exterior, a borbulhar de emoções fortes de júbilo e satisfação. Preparava-me para entrar quando de repente surgem do seu interior dezenas, depois centenas e milhares de pessoas, todas ou quase todas com as cores símbolo do nosso emblema. Risos rasgados, vozes ao alto, cânticos afinados e sentidos, satisfação generalizada, passo apressado, os Benfiquistas deixavam o “seu Estádio” para regressarem a suas casas. Impedido de passar, de prosseguir, rumo ao seu interior, onde tinha objectos pessoais e o automóvel parqueado, fui obrigado a estancar o passo. Encostei-me a um dos lados do acesso e “estacionei-me”.

Fala a “voz do coração”
Aumentava de volume e alegria a satisfação do Povo do Benfica. O clima popular, intenso, verdadeiro, que emanava das entranhas, era uma espécie da “Voz da Terra”. Por eles, através deles, falava o “Benfica”. O Benfica-essência, irmanado com o Benfica-equipa e o Benfica-clube. O “Benfica” do fundo-do-coração porque genuíno e castiço. Logo de mim se abeiraram alguns Benfiquistas. “Sabe, desde que o Estádio foi inaugurado, nunca falhei um jogo!? E venho de Torres Vedras!” Mas – disse-lhe – já são mais de 150! “Felizmente nunca estou doente, quando há jogo na Luz!” Outro: “Venho sempre eu, a minha mulher e os meus dois filhos. De Palmela!” Perguntei-lhe: “É fácil chegar cá?” Respondeu a esposa: “Não! Vamos apanhar o Metro ao Colégio Militar, depois o Barco no Terreiro do Paço e o Comboio ao Barreiro. Daqui a hora e meia estamos em casa!” Chegou outro: “Hora e meia! Eu vou demorar bem duas horas para chegar a casa, a Ponte de Sôr. Vimos e vamos de camioneta alugada. Sempre que podemos cá estamos nós, que o “Glorioso” não perdoa!” “Nós somos de Olhão. Onde está o Benfica, estamos nós. Até ao próximo!”
E lá se foram eles apressados. Uns a partir para o Algarve, outros a chegar para partir para Trás-os-Montes, ou não fossem eles de…Vila Real. Impressionante. “Mais de três horitas de viagem!” Entre alguns Benfiquistas e algumas Benfiquistas de Lisboa e subúrbios, ainda surgiu um do… Minho, de Esposende! E outro do Porto! E depois outro de Borba! Todo-o-País de 90 mil quilómetros quadrados representado num “cantinho de quatro hectares”.

Texto: Alberto Miguéns

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